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10/02/2014

Thomaz Wood Jr. Management doentio

Opinião / Thomaz Wood Jr.

Management doentio

Sociólogo francês argumenta: os modernos modelos de gestão constituem uma patologia social, capaz de atrair e seduzir suas vítimas
por Thomaz Wood Jr. — publicado 30/10/2013 06:42
Divulgação
O Capital
O Capital, baseado em romance homônimo do francês Stéphane Osmont, retrata as peripécias de um alto executivo de um grande banco europeu, às voltas com golpes e negociatas
O Capital, último filme do diretor Costa-Gavras, baseado em romance homônimo do francês Stéphane Osmont, retrata as peripécias de um alto executivo de um grande banco europeu, às voltas com golpes e negociatas. Não é a primeira vez que o diretor de filmes icônicos sobre sistemas políticos, como Z(1969) e Estado de Sítio (1972), se debruça sobre o mundo corporativo. Em O Corte (1995), o diretor grego retratou a vida de um exe­cutivo desempregado que, em busca de nova colocação, decide matar seus concorrentes. Sua longa filmografia é marcada pela capacidade de identificar e chamar a atenção para questões políticas e sociais sensíveis, produzindo thrillers de narrativa bem ritmada.
Veio também da França, igualmente a denunciar doenças da sociedade contemporânea, o sociólogo Vincent de Gaulejac. O professor de sociologia da Universidade Paris 7, que esteve recentemente no Brasil, tem pesquisado como as mudanças na organização do trabalho submetem os indivíduos a contradições e dilemas morais. Os novos modelos de gestão, disseminados em todo o mundo pelas empresas de consultoria, trouxeram o antigo conflito entre capital e trabalho para o nível psicológico do indivíduo. Os menos capazes em lidar com o contexto são estigmatizados e afastados. Os sintomas são conhecidos: desgaste psíquico, estresse, depressão e até suicídio.
Seu argumento central, desenvolvido no livro Gestão como Doença Social (Editora Ideias e Letras), é que a disseminação das práticas do management constitui fator de instrumentalização e alienação dos profissionais, ao colocá-los diante de paradoxos insolúveis. Os paradoxos estão no centro do modelo: espera-se autonomia, porém dentro de limites restritos; fomenta-se a criatividade, mas a partir de um sistema super-racional; espera-se total comprometimento com a organização, ainda que a possibili­dade de demissão esteja sempre presente.
Os novos modelos de gestão fazem crer que somos capazes de atingir desempenhos superiores, conquistar metas e nos realizarmos. Somos capturados pela ilusão narcisista de grandes conquistas. O sistema faz com que percamos o verdadeiro sentido do trabalho e nos orientemos cegamente para o atendimento de metas fixadas pela organização. Reagimos adoecendo e procurando ajuda de médicos, psicólogos e coaches. Acreditamos que o problema nos diz respeito individualmente, não coletivamente.
Gaulejac vê o management como uma ideologia e uma tecnologia de poder, que instrumentaliza e mercantiliza o ser humano. E é difícil de combater, por se mostrar relativamente discreto, neutro e pragmático. Na superfície, o management é constituído por conhecimentos, modelos e técnicas de gestão, a contabilidade, o marketing, a gestão de recursos humanos e as demais disciplinas da administração. Abaixo da linha d’água, entretanto, o management serve para manipular as subjetividades humanas, adequar o indivíduo a um novo padrão de comportamento. Sob a ideologia do management, cada profissional deve se tornar um agente da cultura corporativa, capaz de encarnar a alma da empresa, de agir segundo os interesses do dono: com iniciativa, autonomia, criatividade e responsabilidade.
O management oferece a possibilidade, ou a ilusão, de conquista de poder e de transformar empresas e sociedade. Promete a satisfação dos desejos individuais. A felicidade vem, supostamente, do sucesso e da capacidade de empreender. O indivíduo deve alcançar sempre mais, na busca incessante da miragem da excelência. Cada profissional deve superar seus pares e a si mesmo, continuamente. Busca-se a utopia da qualidade, que, segundo Gaulejac, remete a um mundo perfeito, livre de contradições e conflitos. Em troca, o moderno Sísifo é supostamente recompensado por um efêmero sentimento de autorrealização, até a pedra rolar morro abaixo e ele ter de retomar a tarefa. O novo padrão busca o controle do corpo, da mente e da alma. Avançou por todas as latitudes nas últimas décadas. E segue a passos firmes. Em breve, estará em mais uma empresa, organização estatal ou ONG perto de você!

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